sexta-feira, 3 de abril de 2009

Ifá

Ifá, é o nome de um Oráculo africano. É um sistema de adivinhação que se originou na África Ocidental entre os Yorubas, na Nigéria. É também designado por Fa entre os Fon e Afa entre os Ewe. Não é propriamente uma divindade (Orixá), é o porta-voz de Orunmilá e dos outros Orixás.

O sistema pertence as religiões tradicionais africanas mas também é praticado entre os adeptos da Santeria de Cuba através da Regla de Ocha, Candomblé no Brasil através do Culto de Ifá, e similares transplantadas para o Novo Mundo.

*Nota:, esta é sòmente uma versão da ordem, e pode mudar dependendo da região

O Orixá Orumilá é também chamado de Ifá, ou Orunmila-Ifa e também é denominado frequentemente Agbonniregun ("Aquele que é mais eficaz do que qualquer remédio"). Em caso de dúvida Ifá é consultado pelas pessoas que precisam de uma decisão, que queiram saber sobre casamentos, viagens, negócios importantes, doenças, ou por motivo religioso.

Para os yorubas o sacerdote é o babalawo e entre os Fons e Ewes recebe a designação de bokonon, e o sistema de adivinhação é o mesmo. O babalawo (pai do segredo) recebe as indicações para as respostas através dos signos (odù) de Ifá.

Orunmilá é o orixá e divindade da profecia. Ifá é o nome do Oráculo utilizado por Orunmilá. O Culto de Ifá pertence a religião Yorùbá.

O culto do vodun Fa é originário de Ile Ifè, e chegou ao antigo Daomé pelas mãos de sacerdotes imigrados do território yoruba já a partir do século XVII, mas sua instalação oficial como uma das divindades reconhecidas pelo rei de Abomei teria se dado ou através do babalawo Adéléèyé, de Ile Ifè que chegou a Abomei no reinado de Agadjá (1708-1732) , junto com outros (Gongon, Abikobi, Ato e Gbélò), ou pela princesa Nà Hwanjele, mãe do rei Tegbessu (1732-1775), que era de origem yoruba. Os sacerdotes de Fá são chamados em fon de bokonon, o correspondente a babalawo dos yoruba. O bokonon da corte de Abomei é um dos dignitários do rei reconhecido na categoria de príncipe e está entre os poucos autorizados a vestir djelaba em público e a permanecer com a cabeça coberta diante do rei e da rainha-mãe.

O Babalawo (pai que possui o segredo), é o sacerdote do Culto de Ifá. Ele é o responsável pelos rituais, iniciações, todos no culto dependem de sua orientação e nada pode escapar de seu controle. Por garantia, ele dispõe de três métodos diferentes de consultar o Oráculo e, por intermédio deles, interpretar os desejos e determinações dos Orixás. Òpelè-Ifá, Jogo de Ikins e (jogo de búzio por odu) Merindilogun.

Opon-Ifá, tábua sagrada feita de madeira e esculpida em diversos formatos, redonda, retangular, quadrada, oval, utilizada para marcar os sígnos dos Odús (obtidos com o jogo de Ikins) sobre um pó chamado Ierosum. Método divinatório do Culto de Ifá utilizado pelos babalawos.

Irokê-Ifá ou Irofá de Orula instrumento utilizado pelo babalawo durante o jogo de Ikin com o qual bate na tábua Opon-Ifá.

O Òpelè-Ifá ou Rosário de Ifá é um colar aberto composto de um fio trançado de palha-da-costa ou fio de algodão, que tem pendentes oito metades de fava de opele, é um instrumento divinatório dos tradicionais sacerdotes de Ifá.

Existem outros modelos mais modernos de Opele-Ifá, feitos com correntes de metal intercaladas com vários tipos de sementes, moedas ou pedras semi-preciosas.

O jogo de Opele-Ifá é o mais praticado por ser a forma mais rápida, pois a pessoa não necessita perguntar em voz alta, o que permite o resguardo de sua privacidade, também de uso exclusivo dos Babalawos, com um único lançamento do rosário divinatório aparecem 2 figuras que possuem um lado côncavo e outro convexo, que combinadas, formam o Odú.

O Jogo de Ikin só é utilizado em cerimônias relevantes, só pode ser consultado pelo babalawo. O jogo compõe-se de 21 nozes de dendezeiro Ikin, são manipuladas pelo babalawo com a finalidade de se apurar o Odú a ser interpretado e transmitido ao consulente. Dos 21 Ikins, 16 são colocados na palma da mão esquerda, com a mão direita rapidamente o babalawo tenta retirá-los de uma vez. A determinação do Odú é a quantidade de Ikin que sobrou na mão esquerda, o resultado seja qual for, terá que ser riscado sobre o ierosun que está espalhado no Opon-Ifa, para um risco usa o dedo médio da mão direita e para dois riscos usa dois dedos o anular e o médio da mão direita. Deverá repetir a operação quantas vezes forem necessárias até obter duas colunas paralelas riscadas da direita para a esquerda com quatro sinais, se não sobrar nenhum ikin na mão esquerda, a jogada é nula e deve ser repetida.


O oráculo consiste em um grupo de côcos de dendezeiro ou Búzios, ou réplicas destes, que são lançados para criar dados binários, dependendo se eles caem com a face para cima ou para baixo. Os côcos são manipulados entre as mãos do adivinho , e no final são contados, para determinar aleatoriamente se uma certa quantidade deles foi retida. As conchas ou as réplicas são freqüentemente atadas em uma corrente divinatória, quatro de cada lado. Quatro caídas ou búzios fazem um dos dezesseis padrões básicos (um odu, na língua Yoruba); dois de cada um destes se combinam para criar um conjunto total de 256 odus. Cada um destes odus é associado com um repertório tradicional de versos (Itan), freqüentemente relacionados à Mitologia Yoruba, que explica seu significado divinatório. O sistema é consagrado aos orixás Orunmila-Ifa, orixá da profecia e a Exu que, como o mensageiro dos Orixás, confere autoridade ao oráculo.

O sistema inteiro traz uma semelhança superficial com os sistemas ocidentais de geomancia. Suspeita-se que a geomancia ocidental é um empréstimo de um sistema criado pelos Árabes e trazida para o norte da África, onde foi aprendida pelos europeus durante as Cruzadas. Muito embora possua um número diferente de símbolos, o sistema carrega também alguma semelhança com sistema chinês do I Ching.

Cada odù é formado por um conjunto constituído por duas colunas verticais e paralelas de quatro índices cada. Cada um desses índices compoem-se de um traço vertical ou de dois traços verticais paralelos que o babalawo traça no pó (iyerosun) espalhado sobre um tabuleiro de madeira esculpida (Opon-Ifá) à medida em que vai extraindo os resultados pela manipulação dos côcos de dendezeiro ou ikin-ifá.

O babalawo detecta esse odù manipulando caroços de dendê (Ikin) ou jogando o rosário de Ifá chamado (Opele-Ifa).

Existem 256 odù, correspondendo cada um a uma série lendas (Itan).

Rivalidade entre Orumilá e Ossain

Orunmilá (Eleri Ipin), o testemunho do destino dos seres humanos, está precisando de um criado. Ele vai ao mercado e, entre os escravos que estão à venda ele escolhe Ossain. Manda-o desmatar o campo para preparar as novas plantações. Entretanto, para desespêro de Orunmilá, Ossain volta, à noite, sem ter cumprido sua ordem. Orunmilá o peergunta por que nada fez. Ossain lhe responde:

"Todas essas plantas, estas folhas e estas ervas têm virtudes. Elas não podem ser destruídas. Esta folha por exemplo, acalma as dores de dentes; esta outra, protege contra os efeitos de trabalhos maléficos; esta outra, ainda, cura a febre. Impossível, em verdade, arrancar plantas tão necessárias à saúde e à felicidade!"

Orunmilá, impressionado, decide que Ossain deverá, a partir de então, permanecer ao seu lado durante as sessões de adivinhação, para guiá-lo na escolha dos remédios que deverá prescrever a seus consulentes. Uma surda rivalidade se estabelece, pouco a pouco, entre esses deuses. Ossain, sofrendo por ser mantido em submissão, se vangloriava de ser mais importante que Orunmilá, pois ele possuía o poder da magia mortal e dos medicamentos que preparava. Ossain chegou a declarar ao rei Ajalayé que ele viera ao mundo antes de Orunmilá e, sendo mais antigo, tinha direito a seu respeito. O rei Ajalayé envia, uma mensagem a Orunmilá. Ele quer saber, entre ele e Ossain, qual é o mais importante dos dois. Orunmilá responde ser ele mais antigo que Ossain. O rei decide submetê-los a uma prova. Ele os convoca, acompanhados de seus primogênitos. Orunmilá chega com seu filho chamado Sacrifício. Ossain apresenta-se com o seu, chamado Remédio. Os dois serão enterrados durante sete dias. Aquele que sobreviver à provação e responder primeiro, com uma voz clara e forte, ao chamado que será feito, no fim do último dia, verá seu pai ser declarado vencedor.

Duas covas foram abertas. Sacrifício e Remédio foram colocados dentro e as covas firam fechadas. Orunmilá, voltando para casa, consultou Ifá. "Meu filho estará ainda vivo, passados os sete dias?" Ifá aconselhou-o a oferecer muito ekuru - um prato saboroso, bolo de feijão, pimenta, um galo, um bode, um pombo, um coelho e dezesseis búzios da costa. Orunmilá preparou a oferenda. Ela foi colocada em quatro lugares: na estrada, numa encruzilhada, diante de Exú e no mercado. Exú exerceu seu poder sobre o coelho sacrificado. Este ressuscitou e cavou um buraco que foi terminar na cova de Sacrifício, o filho de Orunmilá. Assim, o coelho levou alimento para ele.

Remédio, o filho de Ossain, nada tinha para comer. Mas ele possuía alguns talismãs, que agiam sobre a terra e lhe permitiram, assim, encontrar Sacrifício no fundo da sua cova. Remédio pede-lhe comida. Sacrifício responde: " Ah! Como posso eu, filho de Orunmilá, dar-lhe comida, quando há uma disputa em jogo? Tu não vês que assim causarás o sucesso de Ossain, estando vivo para responder ao chamado que será feito no fim dos sete dias?" Remédio insiste e promete a Sacrifício permanecer calado quando for feito o apêlo. Sacrifício, então, dá de comer a Remédio.

E chegou o final da prova. Os juízes chamam o filho de Ossain: "Remédio, Remédio, Remédio" Eles chamam em vão. Remédio não responde. "Bem! Remédio está morto", concluem eles. Chamam, em seguida, o filho de Orunmilá: "Sacrifício!" Imediatamente, escutam um forte sim. Sacrifício está são e salvo! Remédio sai, em seguida, igualmente vivo. Ossain pergunta ao filho a razão do seu silêncio, quando foi chamado o seu nome. Remédio narra o pacto feito com Sacrifício. Comida contra silêncio!

Este pacto tornou-se provérbio: "Sacrifício não deixa Remédio falar." Significando que Sacrifício é mais eficaz que Remédio. Razão pela qual, Orunmilá tem uma posição mais elevada que Ossain.

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